O Estúdio 41 recebe, a partir da terça-feira, 08 de março, em São Paulo, a exposição Unforgettable, com obras da fotógrafa Maria Cecilia de São Thiago. “Fotografar e manipular imagens é pensar na profundidade das relações humanas”, define Cecília. Foi com esse pensamento que, em 2015, a artista iniciou o restauro e a edição de negativos estereográficos em chapa de vidro feitos por seu pai entre 1929 e 1944, com a intenção de provocar uma viagem no tempo e na memória dos seus irmãos mais velhos, que hoje têm por volta de 90 anos.
Visto que o acesso ao passado por meio de fotografias depende não apenas da memória, mas, também, de uma construção narrativa, Maria Cecilia sempre traz consigo uma dimensão incorporadora de ficção e surrealismo. A artista criou um universo a partir de registros de família e das histórias que lhe foram contadas ao longo de sua infância, protagonizadas por seu pai e seus 4 irmãos mais velhos, mais de duas décadas antes de seu nascimento. São quase 100 anos de fotografia que retratam as memórias de seus familiares e criam um laço de ancestralidade e pertencimento.
Fazendo o uso das ferramentas e dos dispositivos atuais, a artista transforma essas imagens captadas há quase um século em diários visuais poéticos de uma vivência que gostaria de ter tido, propiciando assim uma auto-cura pela fotografia e diminuindo a saudade que sempre teve de coisas que não conheceu.
As obras refletem a visão que a artista tinha dos irmãos pequenos. Como Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, tenta tornar presente o ausente, na busca de materializar a saudade de uma época não vivida. As imagens conseguem exemplificar de maneira muito precisa a ideia de que a arte fotográfica também é construção do passado, sem a necessidade do elemento discursivo.
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