Contar a história do design brasileiro e apresentar a produção contemporânea a um público internacional sem cair em estereótipos foi o desafio assumido pelo arquiteto e curador Bruno Simões na exposição Poesia do Cotidiano, principal ação do Brasil na Semana de Design de Milão 2022. Reunindo obras que vão do carrinho de chá de Lina Bo Bardi às esculturas de celulose reciclada de Domingos Tótora e o icônico filtro de barro São João, a mostra é organizada pela Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel) em parceria com a ApexBrasil.

A exposição ocupa uma ala da Università degli Studi di Milano e se organiza em um percurso longitudinal pontuado por pequenos recintos que agrupam os objetos segundo critérios plásticos, materiais ou narrativos. No primeiro espaço, por exemplo, se juntam ao carrinho de Lina o Banco Caipirinha, da Marcenaria Baraúna, e a tapeçaria “Carnavalesco” de Di Cavalcanti (produzida pela by Kamy), estabelecendo um diálogo cruzado entre design, cultura popular e arte moderna.

Mais adiante, outro recinto mostra a “potência do gesto que desenha o objeto”, nas palavras do curador. Reunidos ali estão os Bancos Simples, de Leandro Garcia e as cadeiras 3 pés, de Ricardo Graham, e Delgadina, de Rodrigo Ohtake. De frente a estas peças, o Conjunto Coco, Cana e Carne da Marcenaria Olinda traduz a força do gesto para a escala utilitária, materializada ali em uma tábua de cortar carne, um perfurador de coco e um fação.

 

Escrito por Tamyr Mota